____________________________________________________
São quase 18h e estou sentada no banco, em plena praça da Batalha,
Tenho à minha frente um senhor de idade, curioso, que ainda não percebeu porque é que eu estou aqui sentada ao pé dele, escrevendo e filmando, com um computador no meu colo…Ele olha fixamente para tentar perceber o que faço e para onde olho, mas acaba por desviar o olhar para, talvez, tentar perceber o que estou a filmar, ou então simplesmente a situação deixa de o interessar...
A minha intervenção neste projecto é, neste momento, documentar o que se vai passando em torno de mim, aqui na praça, completando esta “comunidade física”, com a também legítima comunidade virtual.
Pretendo que esta tome conhecimento do projecto através do blog que eu privilegío enquanto o espaço público virtual por excelência, que permite o feedback constante por parte daqueles que o visitam, uma manifestação que, tal como em praça pública, também é possível.
Esta comunidade virtual, acaba por ser tanto aquela que viveu a experiência no espaço público real, como aquela que, por diversos e legítimos motivos não pôde estar presente mas pôde “visitar” o projecto que, sendo efémero, encontra no blog uma continuação.
Entendo este espaço da “web social” como mais do que uma simples forma de documentar a realidade social in situ.
Este espaço acaba por funcionar como um espaço público paralelo e específico, onde a intervenção aqui feita também “serve” uma comunidade - a virtual - que tem as suas especificidades, timings, prioridades e preconceitos também!
Tento ir observando e relatando o que vejo e estou com uma câmara compacta na mão (não sei como consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo!) para ir filmando em pequenos vídeos o que o João e a Joana estão a fazer neste momento.
Eles estão à minha frente a colocar os posters gigantes que foram impressos a preto e branco, com as fotografias tiradas pelo João durante a “recolha de baldes” na semana passada, em que fomos todos juntos a diversas lojas de comércio aqui da zona da Batalha, pedir alguns baldes para a nossa “colecção”.
Talvez porque as imagens tenham impacto e são suigéneris (por todas representarem pessoas a segurarem baldes nas mãos), ou também porque eles estão a colocar aqueles cartazes à luz do dia e nesta altura é raro ver movimentação naquelas vitrines com tanto “cola e descola” cartazes!
A curiosidade e o que mais “intriga” nesta acção, é o facto de, embora seja um gesto perfeitamente aceitável como parte (possível) de um quotidiano deste local, acaba por convocar situações de “déjà vu” ou até mesmo “déjà-non-vu” que obriga os transeuntes a olharem duas vezes e se questionarem: “Porque estarão estes jovens a colar cartazes a esta hora do dia?”; “Para quê tantas imagens de baldes?”. Ocorrem-me certas perguntas e tento colocar-me no lugar de um transeunte embora tenha noção que a minha atitude é extremamente especulativa...
Para isso decidimos ir directamente contactara comunidade que seria, daí a uma semana, o público circundante que iria “receber” este nosso projecto de intervenção específica na praça da Batalha.
Apareçam de novo amanhã, virtual ou físicamente! :)
____________________________________________________
____________________________________________________
Clik HERE for a slide-show of images by João Pádua.
____________________________________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário